segunda-feira, 17 de novembro de 2008

"Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Rifa-se um coração que, na realidade, está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões. Um coração inconseqüente e precipitado, que diante de um sorriso mais malicioso já está apaixonado. Rifa-se um coração que nunca aprende. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de paixões. Sai do sério e, às vezes, revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro, que tenha um pouco mais de juízo."

Clarice Lispector

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Somos tão moderninhos

Cena:
Abner entra no ônibus. Senta no seu lugar de quase-sempre e coloca os fones de ouvido. No mpcoisa: Smile Like You Mean it - The Killers... (música viciante aliás)
Quando ônibs chegou na altura do triângulo (só quem mora em são leopodre sabe), junto com a multidão que costuma subir, entram junto um senhor e um menino...
Sentam-se na frente do Abner. E como já era de se esperar, o menino, que devia ter uns tres ou quatro anos se encanta pelo Abner (O aBNER de-tes-ta crianças, mas ela sempre o adoram). Se virou para trás ficou falando coisas que o Abner não ouviu porque estava com os fones e ouvido. Só ouviu quando o pai dele disse assim:
- Te vira pra frente e dexa o moço em paz menino. Criança diz cada coisa...
No que o Abner pensa:
- Merda! Agora nunca vou saber o que ele disse!
Sei que era só uma criança, mas é que crianças são tão verdadeiras... com toda certeza, seja lá o que ele tenha dito, era a mas pura verdade.
O.O
Incrível como uma criança consegue olhar nos olhos de alguém e dizer tudo o que o pensa.
E me indiguino!
Porque eu, no alto dos meus dezenove anos, todo alfabetizado-vacinado-intelectualizado, com tantos pontos de vista sociopolíticos existenciais semi filosóficos e blábláblá... simplesmente não consigo! Não consigo olhar nos olhos de alguém e dizer tudo que penso! Não tudo pelo menos... porque tudo é muita coisa. Muita mesmo.
Pois, como já dizia Caio, somos tão moderninhos... só não somos sinceros.
Penso. Penso. Penso.
Começo a não mais caber dentro de mim - minha alma escorre, transborda, me inunda e meu corpo é pouco.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Loucura-lúcida

Olha em volta baby. O Caos. As coisas não precisam mais fazer sentido. Apenas aceite e viva a vida da maneira que tem que ser vivida. Não pergunte-se como, nem o por quê. Não tente mais entender o motivo, não vá mais-fundo. A vida é curta de mais para tentarmos entender tudo. As coisas não precisam mais ter um significado, embora, sem exceções, todas os tenham. Você sabe que está lá, mesmo não sabendo o que é e isto basta.
E foi assim, meio que batendo com a realidade dele na minha cara que ele me conquistou. E conquistou? Com esse jeito louco e nonsense de encarar a vida. Menos razão, mais sentimento. É assim que foi e é exatamente essa a palavra. Sentimento.
Não que eu tenha achado em qualquer momento que pudesse dar certo. Não, nunca tive essa pretenção. Sempre soube, desde o primeiro instante que àquela história jamais teria um happy-end. Mas o que poderia fazer? Quis voltar, mas era muito tarde.
Ele nunca ligou para a realidade e esse foi talvez o grande problema. Prefiria viver uma realidade inventada, tinha o seu próprio mundo, nonsense, louco, um pouco atrevido até, assim como ele. Realidades opostas embora verdadeiras. A loucura dele refletida em mim e a minha razão refletida nele.
Hoje também sou um pedaço loucura, loucura-lúcida, mas ainda assim loucura. Porque loucura é tudo aquilo que não tem um sentido. E muitos pedaços de mim ainda não me fazem sentido, embora eu saiba que eles existam.
Todos sabemos que a vida é curta. O que devemos ter em mente então é o que fazer com esse curto esapaço de tempo que nos é dado. Eu prefiro dois segundos de verdade do que uma vida de não-saber, porque o não-saber soa como a morte. Porque o não-saber é o que mais me dói. Aos poucos você vai pensando e pensando e isso acaba te comsumindo por inteiro: o pensamento. E é por isso que escolhi ir mais fundo. É por isso que escolhi ser mais eu e menos os outros. Um caçador de porquês então. Sozinho agora, mas absoluto e incompleto, sempre.

Esdruchulices do meu cotidiano filosófico

Pensar: eis a questão. Questão essa que nos atormenta desde, desde quando? desde que o homem aprendeu a pensar! (óbvio ¬¬')
Pensar no ônibus: eis a segunda questão (?). Questão esta que também atormenta o homem desde que, desde quando? Desde de que os ônibus foram inventados. (óbvio também ¬¬')

Íncrivel o que um ônibus é capaz de fazer com a cabeçinha da pessoa aqui. Tem gente que perde a parada porque dorme, eu perco a parada porque penso, isto é, fico tão centrado em certas coisas quando estou dentro de um ônibus que me desligo de tudo. E o que acontece pode ser dividido em três compulsões:
*Escutar conversas alheias (vício antigo, pricipalmente as de senhoras de idade, adoro!).
*Lembranças da infância e pré-adolescência (impóssível para mim ficar alheio a elas e não começar a rir sozinho).
Grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Yep! esta é do post sobre o homem-aranha (aguardem)
*Pensamentos esdrúchulos, muito esdrúchulos (dispensa observações)

E é sobre este último que venho hj falar aqui no blog. (!) Um deles pelo menos.

...

"Sou gay!" - pensei assim que entrei no ônibus... Ok, até aí nenhuma novidade. O mundo inteiro sabe que sou gay (seria inumano conseguir esconder este fato com tanto assédio que sofro por parte da mídia).
Sei disso já tem mais de dezenove anos (ia dizer "quase vinte", mas dae me senti mto velho), sempre achei a coisa mais normal do mundo, até ontem. Ontem, pela primeira vez na vida era como se eu simplesmente não tivesse me acostumado com o fato de eu ser gay. É como você acordar de manhã, olhar para si e achar estranho o fato de você possuir dentes, ou cabelos, ou olhos ou etc. São coisas que fazem parte de você desde sempre, estranho estranhar elas. Mas eu estranhei.
Pensei na forma como meus colegas de trabalho se referem aos rapazes homossexuais (ui, que educado!). Eles fazem piada, tiram sarro, avacalham e tudinho mais e não tem a mínima noção de que não só eu, como mais pessoas aqui na empresa (desconfio) são gays. Pensei então em como é estranho para as outras pessoas quando se deparam com um ser-assim (tão gay). Isso é tão estranho para eles como imagino, deve ser para mim quando me deparo com algum muçulmano por exemplo, para aquela pessoa deve ser normal isso, pois ela é assim desde sempre, mas não para mim, porque não faz parte do meu cotidiano ser-assim.
Raiva. Foi o que me veio na cabeça naquele momento. (É que me lembrei que deixei meu chocolate em cima da cama, com certeza aquela altura minha irmã já deveria ter devorado o pobre)
Percebi então o quanto a gente não-se-percebe. A gente repara tanto e tanto nos outros mas não conseguimos olhar para nosso próprio umbigo, muito embora nossos olhos não saiam do próprio. Eu por exemplo poderia ficar o dia todo falando de mim aqui no blog, fácil falar de mim, afinal, eu sou meu assunto preferido. Mas incrível como só percebo essas coisas quando estou dentro de um maldito ônibus! Logo, concluo, falo falo e falo mas ainda nem se quer me conheço...


E então minha parada chegou, dessa vez não à perdi (fato raro). Assim que coloquei o segundo pé para fora do ônibus já estava bem novamente, não que eu estivesse mal, mas me sentia mais uma vez mais gay do que nunca! (sim, porque esse estado piora com o tempo). Como eu disse, os pensamentos são esdrúchulos, não só porque não fazem o menor sentido na maioria das vezes, mas também por serem sempre incompletos, pois assim que saio do ônibus, é como se uma borracha fosse passada na parte do meu cérebro responsável pelo raciocínio, consigo me lembrar de tudo que pensei, mas nada no mundo é capaz de me fazer dar continuidade àquilo, não da maneira estranhamente singular que faço dentro de.
Ônibus, elevador, banho... todos lugares que atiçam a imaginação, estimulam o pensamento, pois neles, estamos sempre acompanhados
(banho?!), mas nos sentimos mais sozinhos do que nunca... talvez seja este o é da coisa... não ficarmos sozinhos, mas ficarmos com nós mesmos. É diferente, pelo menos pra mim...

Porque, como eu sempre digo, nem tudo no mundo precisa ter um sentido. Algumas coisas simplesmente são. E ponto.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Pequenos instantes

É algo que vem de dentro sabe? Algo que não conseguimos controlar, como um raio, vem e vai na mesma velocidade que.
Rabiscos mau feitos num papel dão a dica, mas nunca capturam a essência. Impossível passar para a folha coisas que nem sabemos o que são. Breves pensamentos-sem-noção! Que só sabemos estarem ali, esperando por algo ou alguém para poderem sair, enquanto raros-porque-fugazes.
E nesses pequenos instantes, nesses pequenos belos instantes da vida é que temos a certeza de que o mundo tem solução, pequenos instantes de inspiração! Onde temos certeza de que apesar de todos os de, estamos no caminho certo.
Pena os momentos passarem tão rápidos quanto o pensamento, rabiscado num guardanapo de papel para depois vir parar aqui no blogspot, tentando, em vão, eu advirto, mostrar as pessoas o quão mágicos foram para nós aqueles poucos segundos.
Acho que preciso comprar um gravador.

.
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E viva o ócio criativo! ^^

a quem mesmo?

a quem for escrever: a inspiração
a quem se sentir sozinho: um amigo
a quem se entediar: o mundo
a quem se entristecer: um ombro
a quem se emocionar: uma lágrima
a quem escrever besteira: um blog (?)
a quem estiver esperando: a vontade
a quem cometer um erro: o tempo
a quem desacreditar: uma epifania
a quem sentir saudade: um abraço
a quem renegar o amor: a morte
a quem se apaixonar: a sorte

terça-feira, 11 de novembro de 2008

À um estranho desconhecido

É urgente que lhe escrevo. Por favor, assim que ler este texto mande um sinal. Pode ser um e-mail, um scrap, uma carta, até mesmo um sinal de fumaça, mas por favor me diga que estás aí. Porque é tão urgente que preciso de você aqui. Transpassou os limites de corpo-mente há muito tempo, não é mais necessidade física-mental, é uma necessidade da alma. Um toque, um cheiro, um olhar. Sei que nem sequer te conheço, mas sei também que estás aí. Assim como eu, esperando e esperando. Venha correndo me ajuda a tirar a poeira da palavra amor, perdida há tanto tempo dentro de mim. Esquecida junto com as canções e crenças da adolescência, junto com a vontade de florescer. E continuo gritando, é urgente que preciso de você aqui, porque continuo te esperando, apesar de. Cantando Wish You Were Here junto com rádio à todo volume. Porque como eu disse, eu continuo te esperando, apesar de todos os de. Ainda incompleto.

Do Amoroso Esquecimento

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sorte de hoje

Sorte de hoje: a felicidade está no horizonte da sua vida.
Como assim? Quer dizer, por mais que eu corra o horizonte sempre vai ser o horizonte, se eu andar um metro, então o horizonte se afastará um metro de mim. O horizonte é inatingível! E minha felicidade está nele! Então quer dizer que minha felicidade é inatingível também? Não, apenas quer dizer quo o orkut só fala merda!
¬¬'
Tah! Eu sei que isso não é um post que se apresente, mas to entediado e essa coisa de blog é viciante... é tipow ir no psicanalista, só que degraça! Você pode desabafar e tudo mais, a única diferença é que o blogspot não pergunta "E como você se sente sobre isso?", mas isso são apenas detalhes meu bem... apenas de-ta-lhes...

"Talvez este seja o único remédio quando ameaça doer demais: invente uma boa abobrinha e ria feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca o sentido e fique tão ridículo que só sobra mesmo a vontade de dar uma boa gargalhada."
Caio Fernando Abreu

Essa falta do Não-Estar

Pois a verdade é que minha vida anda tão parada nos últimos dias... semanas, meses até... que resolvi escrever um pouco, pra ver se alguma coisa acontece, ou se pelo menos me distraio entre-durante estes momentos de completo vazio que tem sido meus dias... (meodeos, qnto drama!)

Me movo, sempre (óbvio né), mas minha vida, esta, parece, ou está, emfim, parece-que-está, imóvel, estática, esperando por algo, ou seria alguém?

Mesmo saiNdo todo o bendito (ou maldito? não sei) fim de semana.... bares, festas, aniversários, bodas, casamentos, batizados etc, se tem bastante bebida, música alta e gente (gays na maioria dos casos) rindo-falandoalto-gritando tem o Abner lá tbm... parece que nada acontece, parece não, nada realmente acontece...

Mas Abner, o que não-acontece?

Não sei! Qualquer coisa de emocionante, mesmo que seja triste, mesmo que doa... mesmo que eu me arrependa depois. Preciso de mais emoção na minha vida! E não! não estou falando de roubar um carro e fugir para o México (plano antigo), estou falando daquele tipo de emoção mais real, mais "normal" por assim dizer... as que envolvem pessoas e sorrisos e abraços e beijos e coisas felizes e fotos para o orkut e passeios na redenção, mãos dadas, cinema-pizzaria-sexo, esssa coisas... simples assim!

Bom se fosse o amor, ou mesmo a paixão, afinal, como já dizia Clarice, além de desabrochar (entenda-se desabrochar como sair da casinha (?)) no fundo todos procuramos por uma coisa só: o amor.

Meus amigos dizem que sou muito exigente, que nunca vou encontrar ninguém que me agrade... eu descordo, acho eu (e eu acho muitas coisas, embora não tenha certeza de quase nada) que apenas tenho um padrão, acho não, isso eu sei, características basicas que eu pré-defini e que são essencias para que a paixão aconteça... pelo menos da minha parte.

Talvez eu realmente seja exagerando (¬¬'), um pouco dramático demais, mas não! não no fato de ter um padrão alto (eu dou o meu quase-melhor em quase-tudo, então não posso esperar de alguém menos do que o melhor, ou quase, certo?) mas sim pelo fato de que eu espero demais da vida, eu fantasio-ilusiono-desejo demais. Ainda não cresci, desconfio, ainda acho que meu príncipe (ai que lindo!) virá montado num cavalo branco (cavalo branco = porsche) me socorrer desse charco estacado de inércia em que me entrevei nos últimos tempos. Talvez fosse melhor que eu não esperasse nada, pois é justamente quando não esperamos por nada que tudo acontece... ^^ mas simplesmente não consigo! Isso é algo em que não consigo parar de pensar, é incontrolável, natural pensar nisso até, quase mecânico, dormir e acordar pensando nisso, nele, que ainda nem conheço, mas que já amo, pois cada um pensa naquilo que lhe faz falta (by Chaves). E a mim, faz falta o amor, ou se não, ao menos um pouco mais de emoção... (!)

Bom, eu vinha adiando esse "debut" aqui no blogspot há muito muito tempo... em suma, este é o primeiro texto de verdade que escrevo em toda minha vida, começo muitas coisas, nunca termino nada... Estava esperando a inspiração aparecer para começar a postar aqui, como ela resolveu não vir, usei a vontade mesmo...
Por enquanto não vou mostrar ele para ninguém, ainda estou começando na gratificante (assim espero) arte das letras, então não me sinto seguro quanto a críticas (sim, sou muito sensível a elas)... por enquanto irá me servir apenas como um diário mesmo, único e secreto, assim como devem ser os diários...

P.S.: A-do-ray esrcrever aqui! É como falar! Com a diferença de que podemos pensar bem no que dizer/escrever e temos o incrível uso dos parênteses (falo bastante entre parenteses na vida real), é que enquanto escrevo penso em muitas besteiras que não convém ao blog, mas que, de uma forma ou de outra, acabam por ser imensamente necessários para completar a idéia que quero passar aqui... (?!?) perae! mas passar idéia para quem se acabaei de dizer que não vou mostrar o blog pra ninguém?!? Bom, em tempos em que o Mr. Google é rei, nunca se sabe qual o tipo de idiota desocupado (mau comecei e já estou xingando meus leitores) que vai tropeçar e acabar caindo aqui né...

;)

Boa semana a todos! Mesmo que todos sejam apenas eu!